sexta-feira, novembro 10, 2006

 

A felicidade

Enquanto descia a encosta pensava no quanto se sentia vivo a esta hora da manhã. É certo que não era cedo, não era muito habitual abrir um café de praia ás 11 horas da manhã, mas a sua casa, a sua praia e os seus clientes já estavam habituados aos seus horários.
Há uns anos que decidiu ser ele a comandar a sua vida. Longe vão os tempos do escritório de advocacia, da gravata e do sapato apertado. Quando foi apresentar a sua demissão no dia do seu 42º aniversário não foram poucos os que o apelidaram de louco. Mas quando pela primeira vez chegou a esta baia escavada nas rochas pelo mar teve a certeza que era ali que queria estar.
Os amigos substituíram a loucura pela coragem.
O areal já apresentava um bonito colorido proporcionado pelas cores garridas das sombrinhas e das toalhas de praia. Chegou á porta e antes de a destrancar tocou a madeira e cumprimentou-a. Ela respondeu-lhe com um alegre ranger. Entrou no bar que se encontrava numa leve penumbra, ainda adormecido da noite que já ia longínqua. Apenas pequenos raios de luz, que entravam pelas frestas da madeira das paredes, se atreviam a perturbar o descanso dos móveis, do balcão e das prateleiras.
Dentro de pouco tempo tudo estaria tão diferente, com os pedidos dos clientes, a música de fundo, as gargalhadas das crianças e o burburinho característico de um local onde reina a alegria e a boa disposição. Uma a uma foi abrindo as janelas, as portas. Rapidamente a luz intensa e a maresia abraçaram tudo em seu redor. Pegou no velho trompete que estava pendurado na parede atrás do balcão, tinha sido oferecido por um velho músico de jazz em troca de um lauto jantar. Acariciou-o e afagou-o com a T-shirt, dirigiu-se para a porta virada para o areal, encheu o peito de ar e soprou esgotando todo o seu fôlego. Todos na praia olharam em seu direcção com um sorriso na cara. Complementou com o já conhecido grito de guerra:
” Café fresco. Já abriu.”
A coragem fora substituída pela felicidade

Comments:
não consigo acreditar k estas histórias se passem hoje em dia, tranformar loucura em coragem e esta última em felicidade não é para todos...sabes ao k me refiro pois também tens filhotes pekenos, é bom sonhar mas precisamos da estúpida da "estabilidade" para poder dar-lhes um porto seguro...ai como eu gostava certos dias de dar um xuto na rotina e abrir o tal bar numa praia linda e xeia de sol e luar e mar e areia e...bejos e abraços.
 
Como é bom sonhar...
Infelizmente a realidade é bemmais diferente e castradora.
O casamento, os filhos, a casa, o carro... enfim... tudo aquilo que nos agarra e nos cerceia a liberdade de escolha. E no fundo a felicidade.
 
sonhar é bom e pra já o socrtes ainda náo lhe pôs nenhum imposto. pra já.
 
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