quinta-feira, outubro 12, 2006

 

Fim de noite (parte 2) Mais vale tarde...

O mais estranho foi não ter sentido medo! Ele chegou, com um sorriso envergonhado, sou o Viriato e um dos meus passatempos preferidos é mudar pneus, e começou a trabalhar. Como se mudar pneus ás 5 da manhã, numa rua deserta, a uma rapariga como ela, fosse a coisa mais natural do mundo.
Ainda há 10 minutos quando, encostada ao automóvel de pneu furado, abandonada por tudo e todos, a chorar, prometeu deixar o rio seguir o curso do seu leito, não podia imaginar o remoinho que iria encontrar logo á frente.
- Normalmente quando vou para o trabalho nem passo por esta rua, mas hoje apeteceu-me caminhar mais um pouco, estranho, a esta hora da madrugada. Está com frio? E sem dar tempo de responder, levantou-se, despiu o pólo de manga comprida que trazia vestido, e ofereceu-lho, olhando-a nos olhos.
Ela continuou na estranha letargia, e sem nojo nem pudor, mergulhou nas águas profundas, e enfiou a blusa, sentindo o seu cheiro e a sua intimidade.
De mangas de camisa arregaçadas, ele continuava a trabalhar, e ela não conseguia tirar os olhos das suas mãos e dos seus braços. Noutra circunstância, nem tinha reparado nele, de meia-idade, cabelo grisalho, a queda de cabelo já tinha desbravado uma pequena clareira no topo da sua cabeça, tão visível agora que ele estava a seus pés, que em conjunto com a sua barba bem tratada, lhe dava um ar de franciscano. Não, noutra circunstância não tinha reparado nele, mas agora ele era a única pessoa, o único homem que se encontrava na rua. Sim ele era Único.
- Trabalho feito – Começou ele ainda no chão, e sem levantar os olhos do pneu continuou. Sai de casa, não havia ninguém para me despedir. Quando chegar á noite a casa, não vai estar ninguém á minha espera. Os meus dias são como as minhas noites, acabam tarde e começam cedo, escuros e sós. Levantou-se e de olhos nos olhos continuou - Mudar este pneu foi a coisa melhor que me aconteceu nos últimos tempos – Deu um passo em frente agora estava frente a frente – Não posso esperar por outro furo na sua vida para a conhecer melhor.
Ela resolveu respirar fundo e afogar-se nas águas calmas e repousantes dos seus braços.
Desejou nunca mais largar aqueles braços, aquela âncora. Estava salva.


Comments:
escuta...k final de estória tão romântico, parecido akeles finais das novelas da tvi k no último episódio arranjam um bacano k ia a passar para resgatar a moçoila da solidão k emergia e a ía deixar sem par no the end...bem por este andar ainda te convidam pa escreveres um argumento prá próxima novela, temos argumentista dá-lhe gás miúdo k tu tens jeito pá coisa (podias começar escrevendo o final da floribela, ehehehehehehhe)bejos e abraços.
 
Os homens poderão ter essa facilidade em sentir-se salvos?

Não sei ou ainda não experimentei.

Obrigado pelo comentário.

:)
 
Tinhas razão. Isto pega-se.

:)
 
Mudar um pneu furado.
Milagre!!!!!
 
Bem, cá estou eu!
Mas desta vez estou mais de acordo com a nossa amiga xtk! Por este andar talvez te convidem mesmo pra escrever o final da Floribela...
É que tal como ela canta numa das musicas da novela, não existem príncipes encantados, tal como tb não tenho conhecimento da existencia desses mocinhos que ajudam na mudança dos pneus!
Numa das proximas noites que saía, logo te digo...Eheheh...
Beijo
 
Não gosto da Floripôrra, mas gosto do que tu escreves. Ponto final. Só te aconselho a continuar.
Uma braço.
 
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